Adelino Olavo Amaral Fernandes, conhecido como Didi, nasceu em 31 de maio de 1970, em Tarrafal, Cabo Verde. Filho de uma angolana e um cabo-verdiano, é um ator, criador de moda e figura cultural angolana que viveu a maior parte de sua vida na Vila Alice, Luanda. Sua trajetória é marcada pela dedicação à moda, dança e programas culturais, contribuindo para a identidade angolana pós-independência.
Infância e Formação
Nascido em Cabo Verde, Didi chegou a Angola com 4-5 anos. Seu pai, Administrador de Posto no regime colonial, e sua mãe garantiram uma educação rigorosa para os sete filhos. Frequentou o Colégio São José de Cluny, no Kinaxixi, e ingressou no curso pré-universitário de Ciências Biológicas na Universidade Agostinho Neto em 1987. Viveu em Cabo Verde e Portugal até 1975, retornando para presenciar a independência de Angola.
Carreira Artística e Cultural
Didi destacou-se na infância no grupo Chocolates, vencedor do concurso Explosão Musical (TPA), e estudou dança clássica na Academia de Música de Luanda com Ana Clara Guerra Marques até os 18 anos. Participou de programas de rádio como Sol e o Futuro do Amanhã. Na década de 1990, inspirado pela novela Ti-Ti-Ti, entrou na moda, criando peças conceituais e versáteis. Suas criações, acompanhadas de “manuais de instruções”, desafiam normas. Após um hiato, retornou às passarelas em 2011 e participou da gala Divas Angola 2017, compartilhando memórias da moda dos anos 1970.
Vida Pessoal e Engajamento Social
A guerra civil marcou sua vida: seu irmão Olavo morreu em 1992, durante as primeiras eleições, e seu irmão Rui sobreviveu a um ataque, vivendo hoje na Inglaterra. Como homossexual, Didi enfrentou preconceitos, mas afirma ter nascido “desconstruído”. Sua família aceitou-o sem necessidade de declarações. Ele defende a autenticidade e critica a valorização de influências externas em detrimento do talento local.
Filosofia e Impacto
Conhecido por sua irreverência, Didi propõe uma moda interventiva que reflete liberdade de expressão. Suas memórias da Luanda pós-independência, incluindo o recolher obrigatório e a escassez de produtos, oferecem um retrato vívido da época. Ele valoriza a sabedoria acumulada e incentiva jovens a aprenderem com experiências alheias.
Legado e Visão
Aos 55 anos (2023), Didi continua ativo em Luanda, criando moda e atuando esporadicamente. Solteiro, sem filhos, seus sonhos são “os mais incríveis e menos prováveis”. Sua trajetória, contada em depoimentos como o de 2023 para a Muki Produções, celebra a inclusão e a diversidade na construção da identidade cultural angolana.
Adelino Fernandes